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Respeitar o espaço de um veículo que pode ter quase 2 toneladas e andar a 80 km/h não parece ser algo muito necessário.
A ideia que um toque no carro é o mesmo que tocar na pessoa mostra até que ponto esta noção de reciprocidade é levada. Nos carros várias zonas são pensadas como zonas de deformação e impacto para salvaguardar a vida dos ocupantes.
As discussões escondem habitualmente que a segurança dos ciclistas está em grande parte dependente dos condutores e não nas suas mãos.
Muitas das situações mais complicadas tem a ver com hierarquia, subalternização, marginalização, dominação, exclusão, intimidação e violência mesmo que praticada só por alguns.
Se os condutores não considerarem que existe essa igualdade fica uma relação fortemente assimétrica tanto em termos físicos como culturais.
Existe interesses económicos e políticos por trás do carro e mesmo a nível cultural e social a visão que se tenta passar dos carros pode ser vista como os anúncios que apontam liberdade, poder e autonomia.
Os impactos negativos dos automóveis ao nível de poluição, ocupação do espaço público, custo das infraestruturas, os feridos e mortos dos acidentes são largamente ignorados.
Mesmo ao nível de tribunais e polícia existem diferenças de tratamento.
Ter 1,5m de distância e um tratamento diferenciado para utilizadores vulneráveis são formas de os proteger que se sobrepõe às ideias de igualdade entre todos. Em Espanha aumentaram para 2 metros e reforçaram as penalizações.
O tratamento especial e diferenciado a utilizadores vulneráveis permite um maior equilíbrio no uso da estrada.
Deixar isto apenas ao voluntarismo de alguns condutores dará mau resultado.
Imagem e adaptado de forma livre do artigo https://theconversation.com/cars-bicycles-and-the-fatal-myth-of-equal-reciprocity-81034
O uso dos telemóveis pelos peões costuma ser apontado como sendo algo onde existe culpa dos peões. No entanto um estudos alargado com mais de 5000 situações mostra que isso raramente é a causa de atropelamentos.
https://www1.nyc.gov/html/dot/downloads/pdf/distraction-shouldnt-be-deadly.pdf
O aumento da mortalidade nas estradas nos últimos anos tem sido ligado ao maior uso de telemóveis nos carros e tende a ser menos referenciado.