Seguro obrigatório

Qual o nível de danos causados por um ciclista ?

A bicicleta chega a ter menos de 10% do peso do ciclista pelo que basicamente os danos causados serão equivalentes aos danos que a pessoa a correr conseguiria causar.

Um jogador de rugby pode ter mais energia que um ciclista normal e causar mais impacto.

O ciclista quando alcança velocidades superiores tem todo o interesse em não chocar dado que também se pode magoar.

E quantos acidentes houve com giras?

Em 2018 apontava-se que num mês havia perto de 150 000 viagens de gira e havia cerca de 3 feridos por mês. Se calcular o custo de cada ferido em 500 euros tem-se que cada viagem tem um custo médio de acidentes de 0,01 €.

Alguém que ande 200x por ano terá um custo médio de 2 €.

É este custo que faz que não faça sentido incorrer em custos administrativos superiores a isso para cobrir um risco tão baixo.

Em 2022 o número de viagens diário já é quase o dobro.

Qual a diferença na quantidade de energia ?

A quantidade de energia causada pelo movimento é proporcional ao quadrado da velocidade e à massa.

Um carro em média terá mais de 50x a quantidade de energia cinética de uma bicicleta..

Qual a diferença na quantidade de movimento ?

A quantidade de movimento mantêm-se mesmo quando há colisão tirando a energia dissipada no choque.

Num choque com um carro a 50 km/h o conjunto carro e a pessoa podem seguir a 47 km/h depois do choque.

Num choque de um ciclista a 30 km/h com uma pessoa poderão seguir a 15 km/h depois do choque.

Não só a energia é mais baixa como a aceleração brusca causada é muito diferente devido a ter menor massa. A aceleração brusca é que explica os ferimentos mais graves.

Isto explica porque choques com camiões mesmo a baixa velocidade costumam ter efeitos desvastadores.

Qual seria o valor do seguro necessário para cobrir o risco de um ciclista ?

Existem seguros de carro por cerca de 200 euros pelo que o seguro da bicicleta para cobrir o risco seria inferior a 4 euros por ano. Os custos administrativos seriam superiores ao risco segurado.

Como se faz sem seguro?

No caso de pessoas a pessoa é responsabilizada a título individual pela reposição dos estragos sendo a mesma situação para os ciclistas.

Tem mais implicações ser obrigatório ?

O seguro ser obrigatório pode ajudar a diminuir o grau de uso da bicicleta trazendo assim para a sociedade um maior nível de poluição e mais gastos de saúde.

Transmite também uma ideia de a bicicleta ser perigosa quando o grau de perigosidade é semelhante a andar a pé.

E carros sem seguro ?

Existem cerca de 100 000 carros a circular sem seguro que representam um risco muito maior do que as bicicletas. Em operações STOP chegam a ser apanhados camiões.

No entanto não só este risco é aceite por outros condutores como pagam pelos acidentes causados por estes.

Cada condutor paga em média cerca de 8 euros por ano para o fundo de garantia automóvel que assim reune cerca de 45 milhões de euros para pagar os acidentes causados por condutores sem seguro.

Cada carro sem seguro provocará assim um prejuízo de cerca de 450 euros por ano. Este valor está acima do preço de alguns seguros pelo que pode haver um número de carros sem seguro ainda maior.

É previsível que o impacto todos os acidentes causados por ciclistas nem chegue a 1% deste valor.

Cerca de metade dos ciclistas são também condutores pelo que só o contributo dos ciclistas que são condutores daria para que o fundo de garantia automóvel paga-se todos os acidentes causados por ciclistas.


https://www.dnoticias.pt/2020/4/1/61764-despistou-se-num-carro-sem-seguro-nem-inspeccao-quando-devia-ficar-em-casa

E ter seguro basta ?

Existem cerca de 400 atropelamentos por ano com fuga mesmo em casos de matarem o peão.

A maior parte desses casos terão seguro pelo que ter seguro não é sinal que se assuma as responsabilidades.

Em acidentes com ciclistas a hipótese de o ciclista não conseguir fugir depois do acidente será maior que de um outro veículo.

Porque falam sempre do seguro obrigatório?

É novamente uma forma de distrair as atenções das alterações que são necessárias fazer por quem provoca mais acidentes e da responsabilidade das entidades públicas de melhorar as infraestruturas e a fiscalização.


Um ciclista com seguro obrigatório contra terceiros tem exactamente o mesmo nível de risco de outros.


O enfoque em ter seguro também permite retirar a responsabilidade de quem causa os acidentes reduzindo a sua responsabilidade a pagar o valor do seguro e inibindo a responsabilidade moral das consequências para a saúde e vida de outros.

O custo da pior saúde da população devido aos acidentes é suportado por todos e é uma externalidade derivada do trânsito automóvel.

As seguradoras e os jornais

Há seguradoras que compram milhares de assinaturas de jornais.

Seria boa prática nas notícias relacionadas com pedido de seguros obrigatórios assinalarem esta situação por uma questão de transparência.

https://observador.pt/2020/04/22/fidelidade-compra-8-mil-assinaturas-a-jornais-portugueses-entre-os-quais-o-observador/

O seguro não paga os estragos

Há estudos que apontam que as implicações dos "acidentes" automóveis oscilam entre cerca de 6 000 milhões de euros (ANSR) e os 11 000 milhões de euros por ano (com análise dos custos em hospital).

As seguradoras pagam cerca de 1 200 milhões de euros de prémios de seguro pelo que na verdade fogem ao pagamento das consequências dos "acidentes" de viação.

É normal demorarem meses e anos a pagar os montantes em falta e muitas vezes arrastam processos em tribunal para evitar pagar os estragos causados.

Existem cerca de 900 000 "acidentes" por ano pelo que em média haverá na melhor das hipóteses cerca de 3 000 euros de prejuízos não pagos em cada "acidente".

Parte destes custos são suportados pelos próprios e outra parte pelos gastos hospitalares que o estado suporta e que os seguros não cobrem apesar de terem sido causados pelos acidentes.


As seguradoras fogem assim que possível ao pagamento dos verdadeiros encargos dos seguros sendo que por um lado muitas pessoas recorrem mais tardes a hospitais públicos com encargos pagos pelo estado devido a consequências com que ficaram dos acidentes.

Cerca de 2/3 do impacto tem a ver com perda de qualidade de vida que não é valorizado pelas seguradoras.


É normal haver pessoas que ficam com lesões que as impedem de trabalhar pelo menos na profissão que tinham toda a sua vida futura e o seguro avançar com indeminizações que correspondem a 5 ou 6 salários.

O seguro não paga os estragos - fontes

Novo estudo da ANSR aponta para 6 000 milhões

https://cnnportugal.iol.pt/ansr/rui-ribeiro/acidentes-na-estrada-representam-3-03-da-riqueza-nacional-avanca-relatorio


A receita dos produtos petroliferos é inferior ao impacto dos sinistros

https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/receita-fiscal-do-isp-aumentou-12-mil-milhoes-de-euros-desde-2016

O seguro não paga os estragos - cálculos

Segundo a Pordata existem cerca de 7 milhões de veículos nas estradas. Em 2021 os seguros pagaram perto de 1000 milhões de euros de prémios.

Ou seja em média o seguro paga 143 euros por ano dos estragos causados por cada carro mas este valor é 6 a 11x superior pelo que em média cada carro provoca à sociedade mesmo por baixo mais de 700 euros de prejuízos não cobertos.

Um ciclista em termos médios provoca menos de 5 euros de prejuízo não coberto.

No entanto o impacto do ciclista reduz também os custos de saúde. Por exemplo, na diabetes onde é gasto cerca de 1600 milhões de euros por ano ou cerca de 160 euros por pessoa, um ciclista tem metade das hipóteses de desenvolver diabetes pelo que o ganho médio de saúde por ciclista só na diabetes é de 80 euros por ano.