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A frase "até os animais sabem andar em fila indiana" não só comete uma falácia ad hominem, desviando a atenção de uma discussão sobre segurança rodoviária para um ataque aos ciclistas, como também é imprecisa.
Nem os animais andam habitualmente em fila indiana, e os condutores, tendem a dar mais distância a animais do que a ciclistas, presumindo que os animais se desviam mais facilmente. Esta suposição perigosa e irracional resulta em ultrapassagens apertadas que aumentam o risco de acidentes.
Este tipo de discurso desumaniza os ciclistas e contribui para a justificação de comportamentos ilegais e agressivos, como ultrapassagens perigosas.
No entanto, a lei é clara: ao ultrapassar ciclistas, é obrigatório manter 1,5 metros de distância e usar a via adjacente. Essa regra aplica-se em todas as circunstâncias, independentemente de os ciclistas estarem a circular a par ou em fila.
Além disso, é importante destacar que a velocidade máxima nas estradas está diretamente relacionada com a gravidade e a quantidade de atropelamentos. Estudos mostram que a redução da velocidade máxima diminui drasticamente a severidade dos acidentes e, em muitos casos, reduz também o número total de colisões. Isto é particularmente importante em situações que envolvem ciclistas, que estão muito mais expostos ao risco de ferimentos graves ou morte em caso de impacto.
Nas cidades que alcançaram o objetivo de zero mortos, o sucesso foi obtido através de medidas como a fiscalização rigorosa das regras de ultrapassagem, a criação de ciclovias e o estreitamento de vias, juntamente com a redução da velocidade máxima. Acredita-se frequentemente, de forma errada, que reduzir a velocidade aumenta o tempo de viagem.
No entanto, a realidade é que a velocidade média raramente é afetada pela redução da velocidade máxima, e, em alguns casos, o fluxo de trânsito até melhora, pois elimina-se a necessidade de travagens bruscas e manobras arriscadas.
O tempo ganho ao ultrapassar ciclistas de forma imprudente é insignificante comparado com o risco que isso representa. Respeitar a distância mínima e utilizar a via adjacente não só protege a vida dos ciclistas, mas também promove um trânsito mais seguro para todos os utilizadores da estrada.
No final, o objetivo das regras não é "igualar" os diferentes tipos de veículos, mas sim proteger os mais vulneráveis, garantindo que todos possam circular com segurança. Argumentos que desumanizam ciclistas e incentivam comportamentos hostis apenas contribuem para aumentar a insegurança nas estradas. A solução está no respeito pelas regras, na educação e na promoção de um trânsito mais seguro e justo para todos.